Inacreditável, primeiramente porque já estou em 2011 e depois porque já está no fim do mês de janeiro. Eu sabia que o tempo iria passar rápido, mas ainda assim estou surpresa. Hoje faz 6 meses que eu cheguei na Dinamarca, cheguei à metade do meu ano de intercambio.
Isso me fez voltar no tempo, pro dia da minha viagem. Aquele dia tão especial na minha vida... Lembro da correria pra arrumar as malas, do nervosismo de achar que algum documento poderia estar faltando, do choro que comecou a sair no aeroporto por mais que a minha ficha não tivesse caído, das ansiosas 9 horas no avião de Brasília pra Lisboa tentando entender o português de Portugal, da correria, do medo de perder o avião, da felicidade ao ler as cartinhas dos meus amigos e ver o que eles sentem por mim, do momento que o avião aterrissou na Dinamarca, da primeira frase que eu usei em dinamarquês - "Jeg taler ikke dansk" no banheiro do aeroporto quando um menininho de uns 5 anos comecou a conversar comigo, aprendi a frase no avião, com uma brasileira que mora da Dinamarca, pelo menos eu precisava saber dizer que eu não falava dinamarquês - do momento que eu vi as minhas 3 famílias e um membro do Rotary com várias bandeirinhas do Brasil aguardando por mim, do branco que estava na minha cabeca em relacão ao que viria dali pra frente, da hora que entrei no meu quarto... Agora vejo mais que nunca que eu não tinha a menor ideia do que me aguardava nesse ano na Dinamarca, era uma sensacão inexplicável em palavras, o meu mundo no Brasil parecia e ainda parece tão distante.
Já estou tão adaptada à minha vida aqui, mesmo com a mudanca de família, me sinto completamente adaptada. Confesso que no comeco era estranho, não conseguia me sentir em casa, minha casa era na primeira família, não, minha casa é no Brasil, com a minha mãe e todos que me cercam lá. Pelo menos foi essa a sensacão que eu tive quando mudei de família. A saudade me pegou de um jeito inesperado. Principalmente saudades da minha mãe, sentia um vazio enorme dentro de mim, tudo que eu queria era a minha mamãe pra me abracar, conversar comigo, cuidar de mim, compartilhar experiencias, qualquer coisa, mas que seja al lado dela... [Mãe, não chora!!!] As pessoas passam a ter um valor muito diferente quando você se afasta, cada palavra é lembrada com carinho, até as coisas que não eram tão agradáveis se transformam em uma lembranca positiva. Confesso também que chorava toda vez que falava com a minha mãe no telefone, principalmente quando chegava na hora de se despedir, a hora que ela falava que me amava.
Sabe, mãe, você tava certa, eu to distante, as vezes estou distante porque estou pensando muito, planejando, imaginando, especulando... Outras vezes simplesmente estou distante, não penso em nada... Voltei de certa forma a me sentir da forma que me sentia a uns anos atrás, como se meu corpo estivesse aqui, mas minha mente não está nele, ele está apenas agindo no automático... Chega a ser tão forte que eu muitas vezes não consigo mais diferenciar sonho de realidade, algumas vezes eu sonho algo e acho que realmente fiz, outras eu faco, mas não tenho certeza se fiz mesmo ou se foi um sonho que eu tive. Difícil de explicar, mas é assim que eu me sinto, pelo menos na maioria das vezes, por exemplo agora, todos na sala de aula estão interagindo, mas eu estou bem distante... Pra falar a verdade não sei onde eu estou, mas tenho certeza que não é aqui... Algumas vezes me sinto presente, mas nãp é muito frequente...
Enfim, agora tenho que fazer outra coisa, passei só para registrar o que estava passando pela minha cabeca no momento.